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A VOLTA DA FÁBRICA DE SONHOS|PORQUE NUNCA É TARDE PARA ESCREVER|QUALQUER SEMELHANÇA COM A REALIDADE É UM MERO ACASO

Amor Perfeito

Pedro não gostava de solidão. Afinal, ele não sabia o que era viver sem ter uma mulher para amar.

A primeira, foi Lúcia. Primeiro amor, no colegial. Namoraram dois anos e meio. Com ela, deixou de ser um moleque, para ser tornar homem. Achou que casaria com aquela mulher, teria dois filhos e seria feliz para sempre. Mas Lúcia foi fazer intercâmbio na Espanha e nunca mais voltou.

Logo em seguida, no primeiro ano da faculdade, conheceu Márcia. Esta durou exatamente um ano. Paixão arrebatadora... Pensaram em alugar um apartamento próximo a universidade para morarem juntos, pois não agüentavam a saudade e o desejo constante. Mas Márcia se engraçou para um professor e deixou Pedro na mão.

Lídia, veio depois. Quase dez anos mais velha, independente, vivida. A mulher era um espetáculo! Pedro ficou um ano e meio com ela... Já estava morando juntos, quando ela decidiu reatar com o ex-marido.

Mas Pedro não desistia... Conheceu Juliana. Algum tempo depois começaram um namoro. Desta vez agiu com mais calma. Três anos depois, decidiram noivar. O problema é que os dias ao lado de Juliana eram sempre iguais. A rotina sufocou Pedro, estrangulou o amor e trouxe a monotonia. Desta vez, quem terminou foi Pedro.

Ainda sem desistir, Pedro amou Marília, que não quis nada sério com ele. Tiveram um relacionamento ‘aberto’ por mais ou menos um ano. Mas essa história de relacionamento aberto não dava certo para Pedro, que não achava conveniente dividir sua namorada com outros caras.

Julia veio em seguida. Amava Pedro incondicionalmente. Também tinha um ciúme incondicional. Quase atropelou Pedro no estacionamento do shopping quando o avistou conversando com uma mulher estranha. Na verdade, a mulher estranha era a esposa do seu melhor amigo, que por coincidência, estava fazendo compras no mesmo shopping.

Pedro estava cansado de procurar o amor da sua vida. Não entendia por que nenhum dos seus amores deram certo. Era fiel, um bom companheiro, compreensivo, um homem que respeitava as mulheres que amava. Porém, cedo ou tarde, por um motivo ou outro, o amor que sentia era despedaçado.

Os amigos, que eram casados ou divorciados, diziam que Pedro é quem tinha sorte, não tinha esposa, ou ex-esposa, para lhe encher o saco.
Pedro se achava um azarado que nunca iria encontrar um amor para a vida toda.

Um dia, Isa entrou em sua vida. Eram primos. Como moravam em estados diferentes, tiveram pouco contato durante a vida. Encontraram-se por acaso num bar da Vila Madalena. Isa não era mais a menina-moleca que empinava pipa na lage de casa. E Pedro não era mais o adolescente magrelo e irritante.
Conversaram por muito tempo. Isa contou que estava casada há quatro anos, porém já não amava o marido e queria se divorciar. Estava em São Paulo a trabalho e ficaria mais dois meses até terminar um projeto para um cliente. Pedro contou que era um solteirão desiludido com o amor.
Pedro achou Isa uma mulher incrível. Delicada, feminina e inteligente. Isa, por sua vez, encontrou em Pedro o que faltava nos homens que passaram por sua vida, o gosto por amar. Ficaram encantados.

No período em que ficou na cidade, Isa passou bastante tempo com Pedro. Os dois foram ao Ibirapuera, ao MASP, a vários restaurantes da moda, a uma mostra de cinema. No último dia, passaram pelo lugar mais importante, a cama de Pedro. Estavam apaixonados.
“Se me pedir para largar tudo e ficar com você, eu fico”, ela disse no saguão do aeroporto, antes de embarcar.
Pedro pensou por alguns segundos. Todos os seus amores haviam sido abandonados, esmagados, destroçados ou simplesmente desapareceram. Com Isa, teria sua nova chance de amar.
“Não posso te pedir isso”, respondeu Pedro. Isa , segurou as lágrimas. Foi embora sem olhar para trás, nunca entendeu a decisão do primo.

Pedro saiu do aeroporto com uma sensação diferente. Estava amando. E, apesar do seu amor estar dentro de um avião, viajando para o outro lado do país, sabia que seu sentimento não havia acabado.

Se Isa ficasse, os dois namorariam, talvez noivariam, dificilmente casariam. Seriam felizes por alguns anos, depois a indiferença apagaria o sentimento que um dia tiveram. Depois da dor e da fossa, restariam apenas algumas fotos, que seriam esquecidas em alguma gaveta.

Alguns meses depois, Pedro teve notícias de Isa. Ela ainda permanecia casada e estava no oitavo mês de gravidez.

Pedro ainda a ama. Sem dor nem ressentimento.

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